28 de fevereiro de 2010

Aspectos de um Espaço Protegido

Unidade de Conservação de Proteção Integral, a Reserva Biológica das Perobas tem uma área de 8.716 hectares, localizada nos Municípios de Tuneiras do Oeste e Cianorte, Região Noroeste do Estado do Paraná, micro-região de Cianorte, Associação dos Municípios da Região de Entre Rios – AMERIOS.
Aspectos Geográficos
Florestas Estacional Semidecidual e Ombrófila Mista, assim como qualquer outra representação vegetacional no Estado do Paraná, são cada vez mais escassas. A expansão das cidades e de atividades econômicas foi, ao longo dos anos, destruindo as florestas nativas, chegando a percentuais próximos de 8%, segundo dados da Fundação de Pesquisas Florestais do Paraná (FUPEF), com remanescentes fragmentados e de pequena extensão, comprometendo a variabilidade genética. Hoje, o uso da terra no Estado do Paraná, evidencia os reflexos da intensiva exploração madeireira de outrora, substituindo a fisionomia florestal original por pastagens, reflorestamentos com espécies exóticas e áreas agrícolas. A Reserva Biológica das Perobas está localizada numa região de agricultura intensa e tecnificada, com predominância da cana-de-açúcar.
Aspectos Ecossistêmicos
Estando no Terceiro Planalto – Planalto de Campo Mourão, a área da Reserva apresenta formas de superfície esculpidas por derrames vulcânicos no arenito Caiuá (MAACK, 1968). De relevo suave ondulado, seu solo tem, predominantemente, textura arenosa, com altitude média de 400 metros, em uma região de acentuados problemas com incêndios florestais, em geral, provocados por influência antrópica. Localizada no divisor de águas das bacias hidrográficas dos rios Ivaí e Piquiri, que drenam suas águas para o rio Paraná, a área da Rebio apresenta rara extensão de floresta contínua – primária em sua maioria.
Por se tratar de uma região Submontana de transição, apresenta vegetação complexa e heterogênea. A maior parte da vegetação, Floresta Estacional Semidecidual Submontana, é exuberante, com grande diversidade de espécies, onde têm destaque perobas (Aspidosperma spp), cedros (Cedrela fissilis) e o palmito (Euterpe edulis). A Floresta com Araucária (Floresta Ombrófila Mista) também se faz representar nessa área, trazendo o pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia). Avistamentos, rastros e pegadas dão conta de existência de diversos animais silvestres, entre eles a anta (Tapirus terrestres) e a onça parda (Puma concolor), além de uma grande diversidade de aves.
Aspectos Sócio-Ambientais
Quanto à importância social, sem dissociar aspectos ambientais e sociais, Perobas representa uma grande possibilidade de desenvolvimento educacional in-situ e ex-situ, auxiliando no crescimento da conscientização ambiental na comunidade e participando de atividades do Ecoturismo regional. Sendo um raro remanescente florestal, propiciará o desenvolvimento de pesquisas sobre a flora e fauna da região, bem como, projetos sócio-ambientais.

Gênese de um Espaço Protegido

Amparado em estudos prévios, no que dispõem a Resolução No. 278 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e o Decreto No. 750/93, o Ministério do Meio Ambiente edita, em 20 de dezembro de 2002, a Portaria No. 507, considerando cinco áreas de remanescentes de Floresta com Araucária, num total de cento e setenta mil hectares, prioritárias para a criação de unidades de conservação no Estado do Paraná, determinando que o IBAMA realize os estudos necessários à criação das unidades e suspendendo temporariamente "o plantio de espécies exóticas no interior e no entorno das áreas descritas". Em 7 de abril de 2003, a Portaria No. 176 dá nova redação aos terceiro e quarto artigos da Portaria No. 507, especificando que as restrições ao plantio no interior das áreas delimitadas referem-se a espécies exóticas utilizadas em reflorestamento, ressalvando que não se aplica às atividades agrícolas.
Como projeto de conclusão do XVI Curso de Introdução à Educação no Processo de Gestão Ambiental, oferecido pela, à época, Coordenação Geral de Educação Ambiental – CGEAM/DIREA/IBAMA, o Servidor Público Federal, Analista Ambiental, Carlos A.F. De Giovanni, em junho de 2004, apresentou o Projeto “Gênese de um Espaço Protegido”, de caráter abrangente e com diversos desdobramentos, que pretendia enfatizar as ações que antecedem e acompanham as necessárias medidas governamentais quando da criação de futura Unidade de Conservação. Balizado na Portaria no 507/2002 do MMA, esse Projeto apresentava diversas ações, contando com a efetiva participação de diferentes segmentos da Comunidade.
Muito dessas ações já foi colocado em prática, desde que a Unidade foi criada, muitas serão praticadas à medida que as disponibilidades de recursos, físicos, humanos e financeiros, existirem.
Em 20 de março de 2006, através de Decreto sem número, assinado por Sua Excelência o Presidente da República Federativa do Brasil, foi criada a Reserva Biológica das Perobas, Unidade de Conservação Federal de Proteção Integral. Sua área, conhecida na região como a “mata da Companhia”, é de 8.716 hectares e está localizada nos municípios de Cianorte, em torno de 30% da área, e Tuneiras do Oeste, Estado do Paraná.
A criação da Unidade de Conservação “Reserva Biológica (Rebio) das Perobas” foi uma ação Estatal, necessária, visando à perpetuação de um “pedacinho” de Mata Atlântica, já tão degradada. Entretanto, tal ação suscitou descontentamentos, gerou expectativas – muitas delas exacerbadas. Qualquer ação para preservação do Meio Ambiente deverá considerar o ser humano inserido nesse ecossistema, considerando as comunidades envolvidas e os fatores bióticos e abióticos que influenciam e são influenciados pela ação humana.
O Ministério do Meio Ambiente, através de sua autarquia Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, deve, fundamentado nas necessidades e demandas sociais, ser instrumento de constantes debates e anseios da Sociedade Civil. Nestes termos, nossas ações devem, à medida do possível, respeitar as comunidades e seus aspectos sociais, ecológicos, culturais, políticos, históricos, as relações humanas e dessas com a Natureza, valorizando saberes e experiências da coletividade, conciliando preservação, necessidades da população e os deveres do Estado.A implementação da Rebio das Perobas precisará – acima de vencer dificuldades na obtenção de recursos de qualquer ordem – de projetos claros e objetivos e da disposição firme dos diferentes segmentos da Sociedade. Projetos, já estão claramente delineados!
A proximidade com os Parques Nacionais de Ilha Grande e do Iguaçu forma um polígono importante na “Costa Oeste Paranaense”, viabilizando ações integradas.O enfoque está na incorporação da existência da Unidade ao dia-a-dia da Comunidade e na integração dos segmentos desta, entre si e com seus problemas ambientais, pretendendo auxiliar em soluções concretas e perenes. Assim, pode-se chegar a um equilíbrio apaziguado da relação custo-benefício decorrente da existência de uma Unidade de Conservação em seu “quintal” e da constatação de que Conservação e Produção podem – e devem – coexistir.

Cianorte

Fundada pela Companhia de Terras Norte do Paraná, Cianorte, município da região Noroeste do Estado do Paraná, tem área de 802,5 km2, 490 metros de altitude e 54.664 habitantes (IBGE, 2000).
Pólo atacadista de confecções, a “Capital do Vestuário” possui campi da Universidade Estadual de Maringá - UEM e da Universidade Paranaense - UNIPAR.
O Parque Municipal “Cinturão Verde”, área de preservação de 313 hectares, possui pistas de caminhada e aparelhos de ginástica à disposição dos visitantes.
Distante 70 quilômetros da cidade de Maringá e 518 km de Curitiba, Cianorte tem limites com os municípios de Araruna, Indianópolis, Jussara, São Tomé, Tapejara e Tuneiras do Oeste.
Veja o Caderno Estatístico do Município, elaborado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES):

Tuneiras do Oeste

Desmembrado de Cruzeiro do Oeste, o município de Tuneiras do Oeste – de Tunas, nome dado aos cactos na região – foi criado através da Lei Estadual No. 4.245 de 25 de julho de 1960, às margens da Estrada Boiadeira (BR 487).
Está inserido na Região Noroeste do Estado do Paraná, micro-região de Cianorte, Associação dos Municípios da Região de Entre Rios – AMERIOS.
Araruna, Cianorte, Cruzeiro do Oeste, Farol, Janiópolis, Moreira Sales e Tapejara são seus municípios limítrofes.
Com uma população de 9.010 habitantes (IBGE, 2000), sendo 5.165 na zona urbana, Tuneiras do Oeste fica 40 quilômetros distante de Cianorte. Sua área territorial é de 736,8 km2, com altitude média de 600 metros. Tem clima Subtropical Úmido Mesotérmico, verões quentes com tendência de concentração das chuvas, temperatura média superior a 22° C, com pouca freqüência de geadas.
Veja o Caderno Estatístico do Município, elaborado pelo Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (IPARDES):